NUNCA VOS CONHECI
José Carlos Jacintho de Campos - 31/8/2020
Um antigo patógeno, isolado pela
primeira vez em 1937, ressurgiu com nova mutação. Ao final de 2019 ele foi
introduzido entre nós e os mais afoitos acharam que o novo vírus, segundo
consta gerado na China, se tratava de uma virose que não traria maiores
consequências. Houve quem dissesse que seria um mal passageiro. Não faziam
ideia do que estava por vir. Por conta dessa indolência foram surpreendidos com
a rapidez do seu contágio.
Já escrevi a esse respeito em
crônica anterior a esta (“Adivinhação não combate vírus”) e, como vemos,
prezado leitor, este assunto tornou-se perene. Os desdobramentos que estão a
ocorrer em todos os segmentos das atividades humanas não permitem que deixemos de
nos preocupar a respeito. Ele veio para ficar e ninguém sabe quais sequelas irá
provocar até a chegada de uma vacina com eficácia comprovada. Enquanto isso, já
se fala na reinserção desse vírus que provavelmente tornará as vacinas
ineficazes para essa nova cepa.
Os que pertencem aos grupos de risco a ciência ainda não sabe ao certo o que
fazer a não ser aconselhar para que “fiquem em casa” até que surja o
medicamento ou vacina eficaz. Todavia, uma vez confinados, como ficará o pão de
cada dia? A resposta não demorou a chegar. Em todo mundo bilhões de valores
financeiros estão sendo despendidos para conter esse vírus e, ao mesmo tempo,
possibilitar que as pessoas não passem fome durante a paralisação das
atividades econômicas. Até quando será assim? Quem pagará essa conta?
Enquanto isso, aqui no Brasil, a grande
mídia viu nessa desgraça um filão a ser explorado. Os anúncios das mortes
ocorridas ao longo dos dias tornaram-se o principal assunto dos telejornais. Quanto
mais dramática a notícia mais aumenta a audiência e, com ela, o ganho, claro. Para
manter a renda continuarão a fazer terrorismo com a morte. Instalou-se entre
nós uma autêntica necrolatria. Informar a grande quantidade de pessoas que
foram recuperadas nem pensar, as notícias trágicas são mais rentáveis que a vida.
Fomos, e continuamos sendo expostos a um insuportável circo de horrores diário.
Como era de se esperar, ressurgem
os políticos oportunistas inescrupulosos na intensa busca de votos. Nessas
ocasiões aproveitam para erguer palanques eleiçoeiros sobre pilhas de cadáveres.
Esquecem-se de que ainda que seja somente uma morte, ela sempre será trágica. Espera-se
que esses aproveitadores da desgraça alheia não se elejam, mas a memória
nacional é curta demais e logo os abusos por eles cometidos serão esquecidos.
Como sempre, nessas ocasiões há o
retorno dos vendedores de sonhos, os arautos da autoajuda com as suas tiradas
filosóficas ditas em tonalidade maviosa: “tempos difíceis formam pessoas
fortes”. Grande besteira afirmar isso, pois as pessoas diferem-se uma das
outras. Tipo do consolo que não acrescenta nada. Cada pessoa tem a sua própria
identidade emotiva, o sentimento não é padronizado. Da boca pra fora é fácil
dizer! Na hora do vamos ver a coisa se complica, ainda mais diante de um mal
sobremodo devastador como esse.
Piores ainda são os exploradores
da crendice popular, sejam de qual segmento for, principalmente aqueles que se
proclamam cristãos, evangélicos, crentes ou algo do gênero, “os tais são falsos apóstolos, obreiros
fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (leia 2 Coríntios 11:13-15).
Falam em consolo espiritual, mas de fato são usurpadores com o objetivo de se
apropriarem daquilo que não lhes pertence. O que se deve fazer, prezado leitor?
Ouça o que diz Paulo: “Foge também destes”
(2 Timóteo 3:5b).
Somente para exemplificar, um
conhecido pseudoapóstolo inventou o “feijão milagroso” a fim de combater esse
novo micróbio. Ele alega que não cobra nada pela semente do feijão, mas junto
com a leguminosa o adquirente recebe o “boleto do semeador” com um valor
sugerido de doação. Dizem que chega a mil reais. Por certo, regando o canteiro
com a “água benta” que ele mesmo vende é provável que os resultados sejam
“infalíveis”. Valha-nos D’us! Ao ser acusado, o religioso em questão chamou o
denunciador de verme, aos berros, em sua “igreja”.
Quando o Senhor Jesus aqui esteve Ele não deixou de mencionar que passaríamos
por aflições, perseguições, enfermidades e os mais variados sofrimentos. A
longa história da Igreja confirma essa realidade que permanece até os nossos
dias. Dados apurados por instituições de pesquisas dão conta que somente em
2019 mais de 250 milhões de cristãos foram perseguidos em virtude da sua fé.
Esse número é maior que toda população do Brasil.
Em momentos de desespero, de
angústia e incertezas, clamores a Deus são levantados e nesta oportunidade recrudesce
no coração dos que creem a expectativa do iminente retorno do Senhor Jesus
Cristo para o Arrebatamento dos Seus, conforme claramente exposto nas
Escrituras. Mas há os que se dizem cristãos e não creem nesse evento. Fica a
parecer que preferem sofrer os horrores da grande tribulação descrita no
Apocalipse.
Eis então que surge o grande
conflito. Há os cristãos que estão debaixo da Graça, que sob nenhuma hipótese
acreditam que a Igreja de Deus passará pela tribulação conforme explicitado nas
Sagradas Escrituras, e há aqueles que se deixam levar por ensinos enganosos que
lhes são ministrados por mestres soberbos, controversistas por natureza, que
nesta ocasião estão a se aproveitar do medo instalado na mente das pessoas para
revigorarem seus conceitos religiosos terrivelmente enganosos.
Há também os que pertencem às
seitas tidas como cristãs que apregoam mentiras doutrinárias, dizem coisas que
não constam nas Escrituras por acrescentar a elas as suas “profetadas”. Apresentam-se
como “doutores em divindade” fazendo questão de mencionar suas credenciais
através dos seus títulos seculares ou eclesiásticos. De fato, a mais atuante
delas, segue a uma adivinhadora do século 19 e, intuídos pelos seus ensinos,
seus “mestres” têm o desplante de afirmar que a seita em questão é o
remanescente fiel da Igreja de Deus e se dizem como a única igreja autêntica.
Distorcem as Escrituras, são filhos do contraditório. Julgam-se sábios e mudam
textos bíblicos sob a alegação que dominam idiomas antigos e inserem ou mudam pontuações
gramaticais para alterar o sentido da interpretação de um texto para justificarem
suas heresias. Essa seita, abastada em recursos materiais, possui até “milicianos”
atuantes através da internet prontos para a agressão verbal aos que discordarem
dos despautérios da seita. Um pastor batista foi ao confronto e até a sua
recém-falecida mãe foi ofendida. Gente de índole má.
Como esperado, são contra o
Arrebatamento da Igreja de Deus por confrontar com as falsas doutrinas que
ensinam. Para manter a mentira que divulgam não sentem o menor pudor em
denegrir pessoas contrárias às suas heresias. Assim o fizeram com John Nelson
Darby (1880–1882), dedicado servo do contexto de igrejas “dos irmãos”, no
século 19, considerado um dos precursores do dispensacionalismo que demonstra a
veracidade do Arrebatamento pré-tribulacional da Igreja de Deus. Esses bravateiros
difamam até aqueles que não podem reagir.
Voltemos ao vírus! No mundo muitas
pessoas estão aterrorizadas com a possibilidade de contágio por esse vírus
chinês altamente letal. Em ocasiões como essas não são poucos os que vão à
busca das divindades para um possível conforto espiritual. Muito se tem falado
e escrito acerca disso, por estarem a associar essa virulência aos
acontecimentos previstos no livro do Apocalipse. Fim do mundo tornou-se uma
expressão habitual. Todavia, isso que estamos a ver não passaria de um ensaio diante
do que virá que será incomparavelmente pior.
O vírus que está a nos atormentar
é coisa insignificante perante os flagelos previstos para a grande tribulação
que virá após a abertura dos selos, do soar das trombetas e das taças da cólera
de Deus conforme citados em o Apocalipse. Bilhões, prezado leitor, bilhões de
pessoas perecerão. Todavia, tristemente vejo seitas e igrejas tidas como
cristãs a ensinar que a Igreja de Deus passará por esses tormentos. Contestam
com tal veemência o Arrebatamento da Igreja de Deus que, se não for por
ignorância, será uma interpretação criada para exploração dos incautos. A
Bíblia é clara: “Jesus nos livra da ira
vindoura” (1 Tessalonicenses 1:10).
Os que creem em Deus com autenticidade não questionam aquilo que o Senhor
deixou revelado. Permaneçamos, portanto, naquilo que aprendemos, pois sabemos
de Quem aprendemos. Mesmo diante das dificuldades como esta que estamos a viver
com esse bicho chinês não nos deixemos abalar ou duvidar, mantenhamos a nossa
esperança porque cremos no Deus de toda esperança: "porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi
escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das
Escrituras, tenhamos esperança" (Romanos 15:4).
Não devemos permitir que coisa
alguma venha abalar a nossa esperança. Esteja certo, caro leitor, a qualquer
momento, como num piscar d’olhos, os que creem serão arrebatados para o
encontro com o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4:16-18). Não dê ouvidos aos
mentirosos, guiados por adivinhações enganosas, que dizem Senhor, Senhor!, pois
chegará o tempo em que eles ouvirão desse mesmo Senhor: “nunca vos conheci” (Mateus 7:23).
Ouçamos as recomendações do
consagrado apóstolo do Senhor para que permaneçamos sob a proteção de Deus,
lançando sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (cf. 1
Pedro 5:7). Permita Deus que assim seja! |