COM QUAL MOEDA?
José Carlos Jacintho de Campos - 31/1/2018
Tendo
em vista, prezado leitor, a afirmação contida em Apocalipse de que no período
da grande tribulação haverá um único instrumento de pagamento para todos os
povos, quer sejam pequenos ou grandes, ricos ou pobres, livres ou escravos, que
terão uma “marca” a fim de que ninguém possa comprar ou vender senão quem a
tiver (Apocalipse 13:16-17). Que marca ou “moeda” será essa? Grande é a
indagação que varre a mente das pessoas ao longo dos séculos, mas nunca se
chegou a uma conclusão plausível.
Por
conta disso, muitíssimo tem sido escrito para identificar qual “instrumento de
troca” será e qual o seu padrão monetário, tendo em vista que existem várias
moedas que transitam nos meios circulantes das suas respectivas nações. Cada
nação, ou mercado comum (como o do Euro), tem a sua moeda. No nosso caso é o Real.
Face
à minha experiência profissional de uma coisa estou certo, pelas suas
características intrínsecas essa moeda não será um instrumento físico ou
material como hoje conhecemos como dinheiro, terá que ser virtual, portanto não
palpável, mas ainda assim real. Difícil entender? Para muitos sim, mas de fato
não é, pois já estamos no limiar dessa realidade. Tecnologia já existe! Mas
antes será preciso que saibamos por que surgiu a moeda como “instrumento de
troca” e para isso precisamos voltar aos inícios dos tempos.
Gênesis nos revela que Deus ao criar o homem o
colocou em um lugar de extrema abundância, lá onde estava não havia escassez de
absolutamente nada. Não era preciso nenhum instrumento de negociação, de troca,
pois de tudo que necessitava lhe estava disponível. Mas apesar de toda aquela
magnífica perfeição o homem abriu a porta da tenebrosa imperfeição e de lá foi
expulso. Doravante seria por sua conta e risco, tudo que lhe era favorável se
tornou completamente adverso. Disse
Deus a ele: "maldita é a terra por
causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos
também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o
teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e
em pó te tornarás” (Gênesis 3:17-19).
Que dureza, caro leitor! Cada vez que leio esse trecho
chego aos arrepios. Não deve ter sido nada fácil ele ouvir isso como resultado
da sua péssima escolha. Pior ainda foi quando, ao sair do local onde habitava,
contemplou o seu entorno e viu a enorme dificuldade que passaria a ter daquele
momento em diante. Esse foi o preço da desobediência a Deus. Por sinal
extremamente caro, pois custou a vida do Senhor Jesus que teve que morrer para
quitar essa conta por nós devida.
Podemos afirmar que neste momento deu-se o
surgimento da ciência econômica. Tudo se tornara escasso ao homem e à sociedade
primitiva que viria a seguir. Nada mais havia de abundante como outrora. Daí
para frente passou a ser absolutamente necessário ao homem primitivo aprender e
avaliar os fenômenos naturais que
se relacionassem com o domínio das coisas criadas, estabelecer alternativas
para a obtenção e utilização dos recursos materiais necessários para a sua
sobrevivência em um ambiente deverasmente hostil.
Surgem daí os primeiros rudimentos dessa ciência
praticados pela sociedade primitiva: A “Economia de Subsistência”, na qual se
plantava, caçava e domesticava animais sem nenhum objetivo comercial, tudo era
comum entre si. O desenvolvimento agrícola e pecuário exigia imenso esforço e
cansaço daquela coletividade. Nos primórdios não existia instrumentária para
isso. Fico a imaginar como era terrível terem que se defender dos animais ferozes
e caçá-los para se alimentarem e criarem agasalhos com as suas peles, dentre
outras utilidades. Cumpria-se aquilo que foi proferido pelo Criador: “em fadigas obterás o sustento”.
Seguindo as Escrituras, vemos o surgimento da “divisão
do trabalho” que estabeleceu um processo de especialização – o lavrador
cultivava a terra e o pastor cuidava da criação dos animais em cativeiro
(Gênesis 4:2). Com essa divisão, iniciam-se as “trocas diretas de bens” desde
que houvesse coincidência de desejos. A isto se chamou de “Economia de
Escambo”. Todavia, com a “divisão do trabalho”, aparecem as necessidades e
torna-se difícil a coincidência de desejos, fator indispensável para a troca
direta (escambo), tendo em vista as enormes dificuldades encontradas pela
sociedade primitiva: “(Noé) nos consolará
dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos nesta terra que o Senhor
amaldiçoou” (Gênesis 5:29).
Dessa variável incontrolável surge a “Economia
Monetária” através da “troca indireta”, selecionando-se para isto determinados
bens e produtos como valores intermediários: lã, cereais, frutos, mel, gado,
dentre outros. Eis a primeira “moeda”!
Entretanto, como primeiras moedas, essas “mercadorias”
vão perdendo o seu valor de troca face à evolução e desenvolvimento da sociedade,
dando-se preferência por determinados bens mais facilmente trocados pelo seu
valor intrínseco, redundando com isso na adoção, por muitos séculos, de
“metais” como “instrumentos de trocas” – o ouro e a prata – que, por serem
escassos, mantêm um valor estável. Sua abundante posse era sinal de riqueza a
exemplo do primeiro e notável patriarca bíblico de cuja semente originou-se o povo
terreno de Deus – os hebreus: “Era Abraão
muito rico; possuía gado, prata e ouro” (Gênesis 13:2).
A “moeda” segue o seu curso evolutivo. Em Gênesis
23:16 é mencionada a utilização de “moeda corrente” entre mercadores, ou seja,
a “base monetária” da antiguidade inicialmente era em metal bruto, através do
Siclo, que no hebraico significa “peso”; posteriormente surge o metal cunhado,
o Dárico, uma grossa moeda de ouro criada por Dario, rei persa, que possuía
como esfinge a sua própria imagem armado com arco e flecha que dava
credibilidade à moeda de ouro garantindo a sua alta pureza. Em Esdras 2:69 essa
moeda é chamada de Dracma e foi o padrão monetário da Grécia até antes de
aderir à zona do Euro, a atual “moeda” da união europeia.
Ufa! Nessa longa jornada da “moeda” percorremos
milênios, caro leitor. A evolução do padrão monetário passou pela “moeda-papel”,
ou “moeda representativa”, que possuía como lastro o ouro que as pessoas
depositavam nas ourivesarias (loja dos ourives) e recebiam um certificado com
valor especificado que garantia que havia, mediante custódia, o respectivo
depósito em ouro que lastreava aquele papel. Dadas às imensas dificuldades
operacionais desse instrumento de troca, surge a “moeda fiduciária”, denominada
em nossos dias como “papel-moeda” na qual inexiste o lastro de nenhum metal
precioso, seu valor é garantido pelas autoridades monetárias dos países e varia
de conformidade com a estabilidade econômica de cada um deles.
É claro que ninguém mais guarda o dinheiro
(papel-moeda) debaixo dos colchões e nem carrega uma montanha de moedas
cunhadas em seus bolsos, pois em nossos dias há a "moeda escritural",
ou “bancária”, que é representada pelos valores depositados nas instituições
financeiras e ficam disponíveis aos seus respectivos depositantes; fazem parte
dos meios de pagamento da Economia e permitem a realização de transações sem
necessidade da utilização do papel-moeda.
Agora sim, podemos voltar ao início desta crônica. Qual
“moeda” será usada como instrumento de troca no fim dos tempos a ser instituída
pelas “bestas apocalípticas” para que ninguém faça nenhum tipo de transação que
não seja através dessa “moeda” ou “marca”? Para tanto, será preciso que seu controle
seja absoluto, de abrangência mundial e tremenda eficácia que permita
velocidade nas grandes e pequenas transações. Segundo o texto bíblico, nada se
pagará a não ser através dessa “moeda”. Difícil imaginar qual será? Não mais,
prezado leitor, já há uma nova arte de se fazer dinheiro com uma velocidade
espantosa.
A sociedade contemporânea está perplexa pelo fato
de num piscar de olhos surgir a partir do nada uma moeda virtual, portanto
imaterial, que na verdade ninguém sabe de fato quem a inventou. Dizem que foi
um japonês, mas sequer o seu nome é tido como verdadeiro, o que torna o
surgimento dessa moeda algo sobremodo sinistro. O que se sabe e se vê são
algumas linhas de códigos criptografados de programação de computadores se
transformarem em criptomoedas, a mais conhecida delas a "bitcoin",
com valores imensos em circulação que já superou a casa de centenas de bilhões
de dólares em questão de meses e a adesão a esse novo sistema monetário é de
dezenas de milhões de usuários.
Especialistas no assunto já preveem a substituição
do dinheiro por moedas digitais, com isso o tradicional papel-moeda estaria com
seus dias contados. Entendo que o mais importante a ser avaliado não é essa
moeda em si, pois poderá se tornar em uma imensa bolha especulativa que
explodirá e muitos terão enorme prejuízo financeiro. O que de fato me chama a
atenção é a tecnologia já existente, que poderá a qualquer tempo criar uma
moeda digital de uso mundial. Mas este é um tema bastante longo e não dá para
esgotá-lo neste espaço.
Na verdade, falta a essa nova moeda algo por demais
importante, o agente fiduciário que lhe dê credibilidade absoluta para torná-la
o único meio de pagamento mundial. Quem sabe se o “guardião” dessa moeda já não
esteja à soleira da porta do seu camarim para entrar no cenário mundial e ser esse
agente garantidor mediante o poder que lhe será concedido e permitirá realizar
grandes sinais e prodígios segundo a eficácia de Satanás, conforme revelado por
Paulo (2 Tessalonicenses 2:7-12)? Só o Senhor sabe! Não nos cabe especular, mas
vigiar. Ao servo vigilante Ele diz: "Bem aventurado o varão que o Senhor, quando vier,
achar servindo assim" (Lucas
12:43).
Antes
de terminar, não posso deixar de lembrar que, assim como eu, todo aquele que
tem o Senhor Jesus como seu Redentor aqui não estará para constatar o
estabelecimento da “moeda universal” que será regida pelas bestas que virão,
pois antes que elas surjam o Senhor já terá arrebatado os Seus para junto de Si.
O homem da iniquidade que dominará este mundo sem Deus, segundo Paulo, só será
revelado quando Aquele que o detém seja retirado, o Espírito Santo que habita
em todo aquele que pela fé confessa o mais doce Nome que havemos de proferir:
Jesus! (2 Tessalonicenses 2:1-17). Que você esteja entre esses, caro leitor. Permita
Deus que assim seja!
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